DÉCADA DE 1980
Elenice Matos conhece Virgilio Resi na PUC Minas, em 1982, quando iniciou o curso de Serviço Social no campus Coração Eucarístico. “Virgilio tinha uma atuação muito próxima aos jovens universitários tendo, inclusive, me ajudado a pagar meus estudos”. Posteriormente trabalhou durante 09 anos como secretária de Virgilio no Movimento Comunhão e Libertação.
Também em 1982 a AVSI (Associação Voluntários para o Serviço Internacional – //www.avsibrasil.org.br/ ) inicia sua atuação no Brasil em projetos de urbanização de favelas. Atendendo solicitação de Virgílio adquire um terreno no bairro Heliópolis, com recursos do Governo Italiano, para funcionar o Centro de Solidariedade que tinha como escopo ofertar formação profissional e encaminhar para o mercado de trabalho os jovens pobres e desempregados da região.
DÉCADA DE 1990
O Centro de Solidariedade se transforma em CDM (Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana – //www.cdm.org.br/novo/) e amplia seu leque de atuação sendo o principal colaborador da AVSI na execução de projetos sociais com foco no desenvolvimento comunitário e geração de renda.
O projeto “Educar Trabalhando”, financiado com recursos da União Europeia, torna-se a principal referência no setor da educação profissional cujo foco era a recuperação dos estudos através de Supletivo, Formação Profissional e Acesso às primeiras oportunidades de emprego. Como gerente do projeto, Elenice Matos convida Julia Maria para formar a equipe do Educar Trabalhando que passa a criar seus próprios cursos ao invés de terceirizar este serviço. Isso significou economia de recursos e ganho de autonomia e qualidade. Novos recursos são captados junto à novas fontes de financiamento e a equipe começa a crescer. Nessa fase é contratada Cláudia Lina Pedras para compor a equipe.
DÉCADA DE 2000
O setor de Educação Profissional e o Projeto Educar Trabalhando crescem em recursos, atuação e equipe. Uma logomarca própria é criada para o Educar Trabalhando. A equipe começa a colher o reconhecimento por parte do setor público, privado e dos jovens. Consciente desse desenvolvimento, Enrico Novara, coordenador da AVSI no Brasil, propõe à Elenice Matos e Júlia Maria que o setor de Educação Profissional da CDM ganhasse autonomia.
Junto com o crescimento do setor cresce também a convicção da necessidade de uma sede. Júlia Maria e Janice Luna explicam: “A gente trabalhava nas vilas e favelas com os jovens. Mas o carisma sempre foi ser companhia para o jovem. E como ser essa companhia, como acolhê-los, se não temos lugar físico para recebê-los? Ficávamos poucos meses com cada jovem, mas havia necessidade de criar laços mais duradouros. Até aquele momento, para a maioria deles, o trabalho era apenas uma necessidade de sobrevivência, não um valor. Era preciso tutores para orientar os jovens, era preciso deixar de ser projeto, para ser algo contínuo”. Inicia-se assim a construção do “Espaço Obras e Companhia” que abrigaria não apenas o CEDUC VR, mas também a sede da AVSI e da CDM.
Em outubro de 2002, falece o padre Virgilio Resi, após lutar contra um câncer durante 1 ano. Em 06 de julho de 2005, data de nascimento do Padre Virgilio Resi, é formalizado a criação do Centro de Educação para o Trabalho “Virgilio Resi” em homenagem ao homem que inspirou a vida das fundadoras e de muitas outras pessoas que conviveram com ele e puderam aprender um modo mais humano de estar diante da vida, marcado pelo gosto do viver e pela paixão por cada pessoa, em especial, os jovens.
Primeiros projetos como CEDUC Virgilio Resi
O CEDUC VR iniciou suas atividades com doações de famílias italianas e da Associação Don Virgilio, criado por sua família para apoiar obras vinculadas à sua memória. Contou também com recursos advindos da execução de projetos voltados para a geração de trabalho e renda sob a coordenação da AVSI/ CDM.
Ainda em 2005 começa a desenvolver projetos de formação profissional financiados pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e por grandes empresas. Em 2007, executa cursos em convênio com a SEDESE (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Esporte) e, a partir daí, intensifica a captação de recursos junto às empresas, fundações de grande porte, prefeituras, embaixadas e órgãos internacionais.
No anseio de que os jovens tivessem a oportunidade do primeiro emprego, a equipe da instituição mobilizava captação de recursos dentro e fora do Brasil para financiar a formação profissional e bolsas de trabalho nas empresas brasileiras que “aceitavam” receber esse jovem. Ainda não havia uma cultura nas empresas de responsabilidade social na formação desse jovem. Em 2005 é regulamentada a Lei 10.097, que trata do Programa de Aprendizagem e, em 2008, a instituição inicia sua atuação na formação de Jovens Aprendizes.
Mas a vocação do CEDUC VR vai muito além da atuação junto aos jovens. Entre os projetos realizados, a ONG acumula experiência na inserção social de pessoas em privação de liberdade, no combate à exploração do trabalho infantil, no empoderamento de famílias em situação ou risco social, na criação de associações e grupos produtivos, no desenvolvimento sustentável, na economia solidária e no incentivo ao empreendedorismo.
O sonho de ser para os jovens a companhia para o trabalho tornou-se hoje uma organização estruturada, com gestão profissional e reconhecimento no mercado e na sociedade.