PE VIRGILIO RESI

“Contente e agradecido por poder
viver a vida, toda a vida pela obra de um Outro”

“Contente e agradecido por poder
viver a vida, toda a vida pela obra de um Outro”

Quem foi Virgilio Resi?

Virgilio Resi, foi um padre católico italiano, que chegou ao Brasil na década de 1980 e foi um dos responsáveis por trazer e desenvolver o Movimento Comunhão e Libertação no país. Por meio de acolhimento, bom humor e ação social, Virgilio Resi viveu para levar o amor de Cristo por onde passasse. Usou para isso leveza, desprendimento, clareza sobre seu propósito e grande habilidade de comunicação. Semeou e cultivou amizades legítimas em todos os contextos econômicos, sociais e culturais. A vida de Virgilio tocou e transformou muitas outras vidas pelo mundo, como é possível saber por meio de sua história relatada no livro “Quer que eu fique, quer que eu vá…tudo é para a glória de Cristo”, de Durval Cordas e Marina Massimi, da editora Passos.

Virgilio Resi nasceu em San Piero in Bagno (Província de Forli-Itália), 06 de julho de 1951, e durante a infância morou com sua família próximo à estrada que sobe o monte Corzano, no topo do qual há um santuário dedicado à Nossa Senhora.

É filho primogênito de Angiolo e Santa, e irmão de Fernando e Isa. O pai abastecia a cidade de madeira, subindo e descendo montanha com seus burros. Muito observador e maduro, tinha sensível percepção da alma humana. Desde pequeno frequentava a igreja próxima de casa com a mãe, onde servia como coroinha. Já desde essa época, o menino afirmava seriamente que queria ser padre quando crescesse. O pároco local orientou os pais de Virgilio que o ajudassem a cultivar essa vontade tão forte. 

Aos 11 anos entrou para o seminário menor de Sansepolcro, a cerca de 30 quilômetros de San Piero, para cursar o equivalente ao ensino fundamental. Os momentos em família se resumem em alguns dias por ano. E em todas essas oportunidades, os pais o questionavam novamente sobre o sacerdócio, ao que Virgilio respondia:

“Não se preocupem. Estou bem certo do que escolhi”.

Estudou Teologia no seminário maior de Arezzo, onde conheceu alguns jovens do Gioventù Studentesca (GS), e ficou interessado naquela vida de comunhão e amizade. O movimento iniciado 20 anos antes, ao redor do sacerdote e professor milanês Luigi Giussani, assume o nome de Comunhão e Libertação em 1969. Em 7 de março de 1976 foi ordenado sacerdote. Mesmo com vocação manifesta pelas missões, dedicou-se intensamente à paróquia de San Rocco, sob sua responsabilidade, em Cesena.

Em 23 de maio de 1981, a pedido de Don Luigi Giussani (fundador do movimento Comunhão e Libertação), Virgilio partiu para Belo Horizonte (Minas Gerais). Na capital mineira – com quase 2 milhões de habitantes – foi assistente do Padre Pigi Bernareggi na Paróquia do Bairro 1º de Maio. A chegada de Virgilio ao bairro representou um novo ânimo para os grupos de jovens devido à sua sintonia com aquela geração. Filhos ou não de famílias católicas praticantes, ricos e pobres, eles se uniam pela amizade, rezavam, cantavam, debatiam, acampavam, envolviam as famílias e transformavam o ambiente ao redor. Abrigou na casa paroquial alguns moradores de rua, abandonados e doentes. Oferecia a eles acolhida que uma família ofereceria, além de buscar tratamento e trabalho. Em pouco tempo tinha várias responsabilidades e transitava em todos os meios com a mesma naturalidade, construindo uma comunidade cristã por onde passasse. 

Por intermédio de Virgilio Resi e do Padre Pigi a Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) iniciou sua atuação no Brasil. Primeiramente com um pequeno projeto de formação profissional para jovens e depois para outras necessidades dessa e de outras comunidades em Belo Horizonte. Outras iniciativas e obras em torno da experiência do Movimento Comunhão e Libertação se espalharam pela cidade e no Brasil. Virgilio Resi utilizava-se de todas as oportunidades e relacionamentos para buscar recursos financeiros para sustentar esses projetos. Mais do que resolver problemas relacionados à pobreza e injustiça social, as iniciativas eram inspiradoras e, em torno delas, as comunidades eclesiais espalhavam esperança.

Plantou esperança também nas universidades. Visitava universidades, conversava e auxiliava os jovens nos estudos. Aos poucos foi aproximando, por meio de encontros, os universitários e os grupos de jovens das comunidades oriundas das favelas de Belo Horizonte. Era o início das caritativas.

Em 1984, Virgilio recebeu do Arcebispo o encargo de reitor de seminário. Em 1989, começa a atuar no maior Santuário Mariano do Estado de Minas Gerais: Nossa Senhora da Piedade, na Serra da Piedade, a 50 Km de Belo Horizonte. Em 1992, passou a ser responsável pelo Santuário e a concluir as obras iniciadas pelo Frei Rosário Joffily: a construção da nova igreja das Romarias e da Casa dos Romeiros.

O Padre Virgilio foi o responsável nacional pelo Movimento Comunhão e Libertação.

Virgilio era entusiasmado com sua vocação e queria valorizar e fazer amadurecer a vocação de outras pessoas. Com essa missão, em 1994, nasce a Fraternidade São José.

Frei Rosário falece em 25 de agosto de 2000. Virgilio é apresentado por dom Serafim como sucessor de Rosário na condução do Santuário Nossa Senhora da Piedade. Os laços de Virgilio com o Brasil tornam-se tão fortes e sua percepção de que sua obra maior seria realizada aqui fica tão clara, que ele solicita ser formalmente vinculado ao Brasil. Em 15 de janeiro de 2001, é realizada a sua excardinação, ritual para que ele deixasse de pertencer a diocese de Cesana, na Itália, para se ligar a de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Em 2001, Virgilio tem o câncer diagnosticado e iniciam-se as cirurgias e tratamentos, sempre em companhia e sob os cuidados dos amigos que havia semeado por todo o país. De todos os amigos, Marquinhos é que o acompanha de forma mais próxima.

Virgilio Resi falece em 12 de outubro de 2002, dia da festa de Nossa Senhora Aparecida, a quem ele era devoto. Foi sepultado no cemitério da Penha, aos pés da Serra da Piedade.

Quer que eu fique, quer que eu vá .... tudo é para a glória de Cristo.

(Virgilio Resi,  1995 – 2002)